SINTRA, PATRIMÓNIO DA HUMANIDADE, "VISTA" POR UMA CONIMBRICENSE
SINTRA NAS FOTOS DA DRª HELENA AGRIA
Sintra é um testemunho de quase todas as épocas da
história portuguesa. E vai muito além disso. Sintra é um achado de vestígios da
própria história da Humanidade. Este articulado, retirado do VISITAR SINTRA, do Município, foi motivo para publicarmos em anexo um conjunto de fotos que a Drª HELENA AGRIA fez na sua recente visita a esta localidade e que teve a gentileza de deixar para apreciação dos leitores deste blogue mostrando, igualmente, a sua requintada sensibilidade. Agradecemos-lhe o gesto e o talento.
Recordamos que o texto prossegue nestes termos:
Do Paleolítico e Neolítico à Idade do Bronze e do
Ferro, passando pelo Período Romano, depois pelo domínio muçulmano, da fundação
de Portugal (a 9 de Janeiro de 1154, D. Afonso Henriques outorga Carta de Foral
à Vila de Sintra) aos Descobrimentos, Sintra que sobreviveu ao
Terramoto de 1755, tem o seu período áureo situado entre o final do séc.
XVIII e todo o séc. XIX.
Nesta altura
teve início a redescoberta da magia de Sintra, cuja mais antiga forma medieval
conhecida "Suntria" apontará para o indo-europeu astro luminoso ou sol.
Já foi chamada de Monte Sagrado e de Serra da Lua.
É,
pois, no terceiro quartel do séc. XVIII que o espírito romântico dos
viajantes estrangeiros e da aristocracia portuguesa exultam a magia de
Sintra e dos seus lugares, ao que se junta o exotismo da sua paisagem e do seu
clima. Aqui chega, no Verão de 1787, William Beckford, hóspede do 5° marquês de
Marialva, estribeiro-mor do reino, residente na sua propriedade de Seteais e é
aqui que a ainda princesa D. Carlota Joaquina, mulher do regente D. João, compra,
no princípio do século XIX, a Quinta e o Palácio do Ramalhão. Entre 1791 e 1793
Gerard Devisme constrói na sua extensa Quinta de Monserrate o palacete
neo-gótico. E é ainda o exotismo desta paisagem envolta em nevoeiro uma boa
parte do ano que atraí um outro inglês, Francis Cook o segundo
arrendatário de Monserrate depois de Beckford e a expensas do qual é construído
o pavilhão de gosto orientalizante que hoje conhecemos, entre uma série de
magnatas estrangeiros que por aqui se vão fixando em palácios, palacetes e
chalets que fazem construir ou reconstroem à medida das potencialidades deste
invulgar meio natural.
Assim evoluiu na Serra de Sintra uma paisagem cultural de um valor eminente e singular. Do ponto de vista mais natural, associa componentes das floras mediterrânicas e setentrionais a centenas de árvores e flores exóticas, num quadro de jardins, parques e florestas verdadeiramente único.
Entre a
segunda metade do século XIX e os primeiros decénios do século XX, Sintra
tornou-se um lugar privilegiado para artistas: músicos como Viana da Motta;
músicos-pintores como Alfredo Keil; pintores como Cristino da Silva (o autor de
uma das mais célebres telas do romantismo português, Cinco Artistas em Sintra);
escritores como Eça de Queiróz ou Ramalho Ortigão, todos eles aqui
residiram, trabalharam ou procuraram inspiração.
Muitos
outros artistas foram seduzidos por Sintra. Sintra foi transformada em arte
escrita, pintada, cantada e recordada por Byron, Christian Andersen, Richard Strauss e William Burnett, entre outros.
Sintra não é
uma vila qualquer, como escreveu em 1989 o historiador da Arte Vítor Serrão,
Sintra é Património Mundial da Humanidade, é Paisagem Cultural (classificada
pela UNESCO).
Sintra é um
universo paralelo, que só conhecemos dos sonhos, mas que existe aqui bem perto.
Em suma, Sintra é a verdadeira e
única capital do Romantismo. - "Sintra é o único lugar do país em que a
História se fez jardim. Porque toda a sua legenda converge para aí e os seus
próprios monumentos falam menos do passado do que de um eterno presente de
verdura. E a memória do que foi mesmo em tragédia desvanece-se no ar ou
reverdece numa hera de um muro antigo, Em Sintra não se morre - passa-se vivo
para o outro lado. Porque a morte é impossível no vigor da beleza. E a memória
do que passou fica nela para colaborar." 'Louvar Amar', Vergílio Ferreira.
Comentários
Enviar um comentário