MORREU ARMANDO CARVALHÊDA E “VIVA A MÚSICA” PORTUGUESA

 

MORREU ARMANDO CARVALHÊDA E “VIVA A MÚSICA” PORTUGUESA

 

ARMANDO CARVALHÊDA faleceu ao princípio desta semana em Lisboa. Era um bom companheiro das lides radiofónicas que se iniciou no serviço público de rádio, em Coimbra, no antigo Emissor Regional. Após cumprir, na Guiné, o serviço militar com colaboração no programa das Forças Armadas, naquela antiga colónia, procurou ingressar na Emissora Nacional, mas só havia vaga em Coimbra para onde veio tendo morado em Celas no prédio do ARCO BAR e participado nalgumas tertúlias de inquietude no café TRIANON na rua Nicolau Chanterenne. Encontrei neste companheiro uma personalidade de fino trato daqueles que efetuavam o beija mão às senhoras e um apaixonado pela rádio e pela boa música – ENFERMIDADE minha e dele. Sempre que possível visitava os pais em Setúbal talvez trauteando canções dos Beatles e dos Rolling Stones, bandas que privilegiava sem beliscar uma sentida atenção para com a música portuguesa. Os tempos foram conturbados, na sequência do 25 de abril e do PREC, e o Armando chegou a polemizar com algumas ousadas narrativas aos microfones e com a leitura enfatizada de crónicas assinadas pelo escritor açoriano CRISTÓVÃO DE AGUIAR que valeram, aos dois, uma COBERTURA crítica nalgumas publicações portuguesas e em concreto no jornal AMIGO DO POVO na secção À SOMBRA DO CASTANHEIRO. Tempos conturbados. Aqui teve a família. Conheci, então pequerrucha, a única filha, a atual radialista ANA SOFIA CARVALHÊDA. Conseguiu a transferência para os estúdios de Lisboa talvez ao fim de um ano ou menos, e apostou forte na divulgação da música portuguesa. Na última terça-feira vários e consagrados cantores e compositores portugueses prestaram em direto, na ANTENA 1, depoimentos e uma afetiva homenagem ao CARVALHÊDA que nas últimas décadas ali realizou e apresentou o programa VIVA A MÚSICA: um êxito, um excelente programa no serviço público de rádio a divulgar ao vivo quase todos os grandes nomes da Música portuguesa. Surpreendido pela partida inesperada do CARVALHÊDA curvo-me perante a sua memória com a certeza de que ficou entre nós uma sublime amizade coimbrã embora pouco praticada pelas distâncias já que me mantive por Coimbra e o agora saudoso Armando rumou à capital. O país ganhou um notável defensor e promotor da música portuguesa, estatuto que detetei nos nossos primeiros encontros. Nesta hora de luto, reafirmo, em homenagem póstuma, um VIVA A MÚSICA PORTUGUESA e um aceno para o Além, nas Ondas da Amizade, até reencontrar o CARVALHÊDA a pugnar pela portugalidade, entre a ousadia e as suas paixões.


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