A VELHA MATA DAS ACÁCIAS EM MIRANDA DO CORVO

 


A VELHA MATA DAS ACÁCIAS EM MIRANDA DO CORVO

E O VELHO PROBLEMA DAS ACÁCIAS

MIMOSAS, MAS POUCO “MIMOSAS”


Recordo a minha doce infância na bela vila de Miranda do Corvo que revi, há dias, agradavelmente florida e atrativa, e revivi as incontáveis vezes que atravessei a Mata junto à Estação da CP plena de acácias (mimosas). No início de cada ano era um espetáculo de um intenso amarelo vivo, um festim de fulgência que se estendia  da estação até à zona atual da Urbanização Quinta do Melo e do Polidesportivo. 

Nesse tempo azougado de infância e adolescência, ouvi, uma ou outra vez, um maldizer das acácias. Contudo, o progresso habitacional da vila levou a anular as acácias e a velha mata substituindo o espaço por um belo complexo escolar e desportivo. As acácias esconderam-se na minha memória embora as encontre em muitos pontos do país.

Entretanto, um estudo da Universidade de Coimbra, com uma publicação recente da Green Savers, vem dar-nos a conhecer o problema das acácias em vários aspetos. E, após ler, verifico ser efetivamente um problema! 

E cito: “As acácias, consideradas umas das espécies invasoras mais agressivas do mundo, podem por em risco a biodiversidade e o funcionamento dos ecossistemas ribeirinhos (…)O artigo, publicado na Biological Reviews, indica que estas plantas invasoras que se encontram nas margens dos rios, com outras características diferentes das nativas, podem levar à “alteração das características da matéria orgânica, da quantidade de água e da concentração de nutrientes na água, com consequências nas comunidades e processos aquáticos”, explica Verónica Ferreira, coordenadora da investigação.(…) A especialista sublinha que as “mudanças induzidas pela invasão de espécies fixadoras de azoto em ribeiros podem comprometer vários serviços do ecossistema, como, por exemplo, o fornecimento de água de boa qualidade, hidroeletricidade, atividades de lazer, etc., com consequências sociais e económicas relevantes”. 

Também nesta época do ano, no aproximar da primavera, fiz  reportagens para a rádio e jornais acerca das ACÁCIAS FLORIDAS na estrada da Beira, em especial entre a encantadora Ceira e a acastelada Lousã. Era, digamos, um percurso turístico, pois há um mar florido de acácias pelas bermas da rodovia e na margem do rio Ceira que tem como afluentes o Arouce, o Dueça e o Sótão após nascer na Serra do Açor perto da paradisíaca aldeia de PIÓDÃO. 

Fico agora,  preocupado, com a proliferação, por ali, e noutros pontos da região e do país, das acácias conhecidas também por mimosas. Eram mimosas na minha infância porque me davam carinho e mimo para brincar…eram as "minhas mimosas”. 

Florescem de janeiro a abril. São bonitas, resplandecentes e até se desenvolvem rápido após incêndios, mas será tempo de darmos a palavra aos especialistas e contermos as invasões das acácias. Nem sempre o que é belo é útil. E a minha memória de infância perdoará a perda do intenso vivo amarelo das acácias.

SC

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