SALVEM (e dinamizem) a FERROVIA

 

 

APITA O COMBOIO…


Recentemente equacionei uma viagem de Coimbra para o sul de Espanha de comboio, mas teria de efetuar a deslocação em fases e para não alongar distâncias nem sempre só o comboio. Há um autocarro que faz Lisboa-Sevilha direto em 6 horas: é a rodovia a ganhar terreno.

A maioria dos países da nossa União Europeia aposta cada vez mais na via férrea. Nós, recentemente e de forma lenta, estamos a acordar para a necessidade de privilegiar o transporte ferroviário até para contribuirmos para combater as alterações climáticas que sofremos de forma drástica. A desativação de linhas e ramais foi algo abjeto em Portugal. Em meados do século anterior tínhamos cerca de 4300 quilómetros de via férrea e, no presente, ficamo-nos por cerca de 2500 em utilização.  O caminho de ferro estreou-se na Inglaterra em 1825 na onda da Revolução Industrial e no nosso país em 1856 num troço entre Lisboa e o Carregado. Fez um trajeto de progresso, mas tem decaído com a Democracia…o que é estranho.

Hoje temos linhas e ramais abandonados: Viseu perdeu a Linha do Dão ou Ramal de Viseu. É uma capital de distrito sem comboios e sem autoestrada a ligar a Coimbra. Da Figueira para Cantanhede e Pampilhosa desapareceu o Ramal da Pampilhosa; de Serpins até Coimbra servindo Lousã, Miranda e Ceira foi desmontada a Linha da Lousã, a tal que seria substituída por um metro de superfície sobre carris. Não vale a pena recordar a odisseia, nem sequer fazem sentido palavras de responsáveis a pedirem desculpa ou afirmando que compreendem o lamento dos antigos utentes dessa linha altamente prejudicados. Houve tempo suficiente para ter sido reposta a circulação enquanto os carris não foram levantados.

Vamos ter um metro...de AUTOCARROS.

Só agora começamos a assistir à recuperação de comboios, carruagens, máquinas e automotoras cujo estado se foi degradando e reabriram, por exemplo, as oficinas de material circulante nalgumas localidades e na nossa zona voltaram a operar as da Figueira da Foz.  Reclamámos, há algum tempo, a necessidade de voltar a por em funcionamento as oficinas da Figueira. Ainda bem que reabriram.

É verdade que o panorama da ferrovia não é totalmente negativo pois dentre vários aspetos salientamos a eletrificação de alguns troços, a eliminação de passagens de nível, melhores sistemas de sinalização e uma melhoria da linha entre Lisboa e Braga e o Alfa Pendular a atingir 220 km/hora. Contudo, algumas estações e apeadeiros são votados a uma ostracização, a um abandono confrangedor. Houve um reaproveitamento de alguns edifícios ou até corredores como a Ecopista do Dão de Viseu a Santa Comba. Leio, agora, a notícia de que o município da Lousã se predispõe a um entendimento para que os edifícios de estações (e talvez de apeadeiros no concelho) venham a ter aproveitamento turístico. Já acontece noutros locais e parece-me ser o mínimo perante o máximo que se deseja para não perder construções que são de um modo geral bonitas e marcaram épocas. Interrogo-me, mas confesso não ter procurado a explicação, por que razão desaparece (parcialmente?) o edifício do apeadeiro de Coimbra-Parque. 

Entretanto, as estações floridas da minha infância e juventude são hoje pétalas de saudade.

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