PATRÍCIA HIGHSMITH, MESTRE DO ROMANCE POLICIAL, pelo DR. TOCHA COELHO

 

Patrícia Highsmith, mestre do romance policial

 


                                            ARTIGO DE AUTORIA DO DR. TOCHA COELHO



 O romance, forma literária narrativa, escrita em prosa, conta uma história que é apresentada a partir de um encadeamento de eventos, a que se chama enredo. As personagens que aparecem no romance são de diversas características e temperamentos, mas ligadas à ideia do escritor de contar uma história, que mantém ou deve manter, o leitor em expetativa ou ansiedade, relativamente ao que vai acontecer. Entre os vários géneros literários que podem caber na definição de romance, há uma espécie que se tornou popular e atrai numerosos leitores que procuram saber como se vai desenvolver uma história em que o elemento principal é o crime: trata-se do chamado romance policial em que, de uma forma geral, durante a leitura, não se percebe quem é o criminoso, que, de uma forma geral é descoberto no final.

No séc XIX surgiu o romance policial, sendo o seu criador Edgar Allan Poe, com a publicação do livro “The Murders in the Rue Morgue” (Assassinatos na Rua Morgue) escrito em 1841. Esta história policial foi continuada com mais duas do mesmo autor, como “The Mystery of Marie Rogêt” (O Mistério de Mary Roget) e “The Purloined Letter” (A Carta Roubada). Até agora já se escreveram milhares de livros deste género literário e, neste momento em que o crime e a realidade por vezes se confundem, nomeadamente nos Estados Unidos da América, onde nasceu Patrícia Highsmith (1921-1995), que escreveu mais de vinte e dois livros, e viu, várias das suas obras, adaptadas para o cinema, sendo a primeira “Strangers on the Train” (O desconhecido do Norte Expresso) considerado o trabalho mais famoso da autora, filmado em 1951, sob a direção de Alfred Hitchcock. A escritora não parou e estimulada pelo êxito alcançado escreveu em 1964, além de outras obras, “ A Cela de Vidro”, romance policial de rara violência que retrata, além de outras situações, o ambiente numa prisão americana, onde o desprezo pelo ser humano é um dado  permanente. Um preso inocente sofre na pele e no espírito uma prisão injusta de 10 anos por uma suposta fraude que não cometeu. Após ter sido libertado é induzido a suspeitar da fidelidade da sua mulher Hazel  que tem um caso com o seu advogado David que,  supostamente, o está a tentar libertar. Levado por um conjunto de circunstâncias que não consegue controlar acaba por o matar. Este romance foi muito bem recebido pelos críticos, tendo a jornalista Rachel Cooke escrito no “ Guardian” que “ A Cela de Vidro” é uma obra-prima com conotações de escritores russos, incluindo Fyodor Dostoiévski. O livro foi adaptado para língua alemã e objeto de um filme com o mesmo título, tendo sido nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro, em 1978. O seu último livro, “Idílio no Verão”, foi publicado postumamente em 1995. A sua obra conta com 28 adaptações ao cinema e está traduzida em mais de 40 línguas, o que a tornou uma das mais bem-sucedidas escritoras de sempre.  

 


Jorge Tocha Coelho

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