AUMENTO DE RENDAS ESTRANGULA ASSOCIAÇÕES/COLETIVIDADES
RENDAS
AUMENTO DE RENDAS ESTRANGULA ASSOCIAÇÕES
Há cerca de um ano fiquei preocupado com a notícia a relatar que uma associação de Lisboa sem fins lucrativos e com sede na baixa (Academia de Recreio Artístico e julgo ser a segunda mais antiga do país), poderia vir a ter que fechar portas. O motivo era o aumento estrangulador da renda da sede. Isto não acontece só com associações populares em Lisboa pois há idosos que tiveram de deixar as suas residências em zonas centrais ou típicas e foram forçados a viver longe do centro da capital ficando afetivamente deslocados, perdendo os vizinhos de sempre. Se o turismo massificado já tinha “derrotado” Barcelona, Madrid e outras capitais, o mesmo, porventura, poderá acontecer com Lisboa e Porto: e outras cidades do nosso país que se cuidem. O turismo traz dinheiro, marcas de cosmopolitismo, mas esta massificação turística com o boom do alojamento local tem implicado situações melindrosas e, na realidade, o aumento de rendas tem afetado parte da população.
Ainda a propósito do aumento de rendas: em Lisboa como em
Coimbra e noutras cidades universitárias é gritante o problema da subida do
preço dos quartos para os estudantes. Se para alguns agregados familiares o
acolhimento de um estudante pode trazer uns euros significativos e quase
indispensáveis para ajudar na economia doméstica, o aumento de rendas nos
quartos e uma espécie de estandardização do negócio angustia estudantes
deslocados e em especial os pais que pagam e muitos com tremendo esforço financeiro. Nada a opor em relação ao negócio,
mas acolhemos no nosso pensamento com preocupação as dificuldades que devem experimentar pais com filhos deslocados
e hospedados em quartos em cidades universitárias medianamente cosmopolitas. Seria bom que aumentasse (e rapidamente) a construção de residências
universitárias para atenuar o problema ou surgirem soluções afins. É que a
corda não pode puxar só para um lado…
Retomando o que se escreveu no início há já coletividades
que começam a ficar com a corda na garganta devido ao aumento das rendas. Passar
de uma renda de dez ou cem euros para mil e tal euros, por exemplo, é um rombo nos
cofres minguados das nossas associações populares e sem fins lucrativos que
realizam um relevante trabalho social e cultural no país. E por isso pergunto:
NÃO SERÁ OPORTUNO SUGERIR QUE OS MUNICÍPIOS QUE RECEBEM O IMI (Imposto Municipal
Sobre Imóveis) subsidiem a diferença entre o valor da renda antiga das sedes
destas associações e o valor da renda atual utilizando para o efeito as verbas
do IMI e, apenas, em casos de evidente necessidade/justificação? Gostava de
saber quantas associações das cerca de sessenta mil existentes no país não
estarão em situação idêntica à vetusta associação lisboeta referida, ou seja,
COM A CORDA NA GARGANTA… e com o senhorio a bater à porta?
O jornal “Público”, há cerca de um ano, num belo trabalho de
Mariana Correia Pinto relativo ao dramático assunto de quartos para
universitários, utilizava o oportuno e significativo título “SENHORIOS SEM LEI,
ESTUDANTES SEM CASA” para dar conta da “vida em suspenso dos universitários”
deslocados. Com a vénia devida e a camaradagem necessária para estes casos apetece-me
titular hoje (acrescentando) numa atrevida aproximação: SENHORIOS SOBEM RENDAS,
BAIXA NÚMERO DE ASSOCIAÇÕES.
Sansão Coelho
2021,janeiro,28
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